A HERANÇA EUGENISTA E RACISTA
DO PLANEJAMENTO FAMILIAR
O "planejamento familiar", propaganda e realidade
Na França, quando escutamos falar as pessoas, ouvimos a palavra "planning". O "planning"
- planejamento familiar - parece fazer parte das instituições aceitas e oficiais. Quando a analisamos
em detalhe, porém, descobrimos coisas inquietantes.
O planejamento é na França o MFPF (Movimento Francês para o Planejamento Familiar);
sem dúvida alguma um movimento militante. Em 1973-74, nos primeiros números de "Libération",
um jornal em aquele momento abertamente de extrema esquerda, o Planejamento aparecia em todas as campanhas da extrema
esquerda, que promovia numerosas reclamações e que, em especial, deu impulso a toda a campanha para impor
o aborto.
Nessa mesma época, e nos mesmos meios da extrema esquerda, aparece a promoção de
Wilhelm Reich, teórico comunista da revolução sexual, e o Livrinho Vermelho do Estudante Secundário,
onde, juntamente com as receitas para fumar haxixe e maconha, encontram-se indicações para praticar uma
sexualidade em diferentes sentidos, fora dos desprezíveis laços do matrimônio, com todo o barato
discurso contraceptivo.
Hoje, a extrema esquerda daquela época se encontra instalada nas instâncias do poder
político e nos meios de comunicação. Suas idéias, em outra época extravagantes e extremistas,
são difundidas na mídia como expressões da normalidade. E deste modo, o "planejamento" é
reconhecido agora como uma instituição útil à sociedade e respeitável em seus fundamentos.
No entanto, esta observação do passado recente mostra apenas a parte emergente do iceberg.
Para entender devidamente a natureza do "planejamento familiar", é preciso remontar aos inícios
do século XX, especialmente à sua célebre e conceituada fundadora, Margaret Sanger, a quem
um homem como Baulieu, o conhecido promotor do RU 486, homenageia na televisão.
A criação do planejamento na França, nos anos 50, é relatada no capítulo
"História de uma mulher...". Nós nos limitaremos aqui a conhecer a fundadora do movimento nos Estados
Unidos, e a estudar suas características. Utilizaremos então, de preferência a sigla P.P.F.A.
(Planned Parenthood Federation of America, Federação americana para o Planejamento Familiar) e I.P.P.F.
(International Planned Parenthood Federation, Federação Internacional para o Planejamento Familiar).
A P.P.F.A. foi criada em 1942, ano do lançamento da Solução Final na Alemanha nazista ,
o que não é uma coincidência.
A I.P.P.F. foi criada em 1952 e agrupa todas as associações de planejamento familiar de
igual espírito, entre as que se encontra o M.P.P.F. de França.
Na verdade, a P.P.F.A. não nasceu em 1942. É apenas a continuação da A.B.C.L.
(Liga Americana pró-Controle da Natalidade)(6) fundada em 1919 pela mesma Margaret Sanger. [Do mesmo modo, a I.P.P.F.ocupou em Londres as sedes da Eugenist
Society].
Não se trata de uma sufragista qualquer, mas de uma mulher inteligente, completamente orientada
para o mal, com um gênio satânico, que desde o início e até a atualidade é a causa original
de massacres em escala industrial. Será por pertencer ao rosa-cruzismo?(7)
Uma socialista revolucionária
Sanger era uma mulher rebelde, formada junto a socialistas revolucionários como Eugène Debs, Emma Goldman (agitadora feminista), Francisco Ferrer etc., cuja "teologia" se fundava nos escritos de Ellen Key, feminista sueca, sobre Nietzsche, com sua moralidade subjetiva (ética situacionista, diríamos hoje), e sobre a eugenia. Para ela, "o leito matrimonial é a influência mais deletérea da ordem social", a maternidade é uma escravidão, e a sexualidade fora do matrimônio, algo imprescindível. Destruiu seu primeiro matrimônio em seu primeiro adultério com o sexólogo Havelock Ellis. Teve como amigos, amantes ou camaradas, toda classe de socialistas, todos eles eugenistas : Havelock Ellis, discípulo de Galton, os leninistas H.G. Wells, George Bernard Shaw, Julius Hammer, os nacional-socialistas (nazistas) Ernst Rüdin, Léon Whitney, Harry Laughlin, etc.
1925 : "Militantes" da Liga pró-Controle da Natalidade, vendendo a "Birth Control Review" em Atlantic City, New Jersey, cidade de cassinos e de prostituição na costa atlântica. Imagem simbólica do movimento de Margaret Sanger: uma burguesa libertina que crê pertencer à raça superior e quer eliminar os pobres impondo-lhes o controle da natalidade. |
Para eles não há Deus. O Estado é o princípio supremo, que decide fora de
toda consideração de uma moral intangível. É preciso destruir a família, vista como uma
"instituição burguesa", e substitui-la por um controle estatal da reprodução
e da educação, o Lebensborn. Assim, o Estado poderá exercer seu controle da "produção"
dos futuros indivíduos, tanto no plano quantitativo como no "qualitativo" (8).
A idéia racista e eugenista
A doutrina eugenista de Francis Galton deu origem a um pensamento que esteve muito na moda no início
do século, entre os anos 1920 e 1940. Já em 1904 se criou uma cátedra de eugenia na universidade de
Londres. A simpatia pelas idéias eugenistas se difundiu então muito rapidamente nos meios universitários,
particularmente na Alemanha, Inglaterra e nos Estados Unidos.
Uma das motivações principais de Margaret Sanger, evidenciada durante toda sua vida, foi
a obsessão por uma espécie de retorno à "seleção natural "dos habitantes dos
bairros pobres "que, devido a sua natureza animal, reproduzem-se como coelhos e logo poderiam ultrapassar
os limites de seus bairros ou de seus territórios, e contaminar então os melhores elementos da sociedade com
doenças e genes inferiores" (9).
"O ato mais piedoso que pode realizar uma família numerosa por um de seus filhos menores,
é matá-lo" (1920).
"Os serviços de maternidade para as mulheres dos bairros miseráveis são
prejudiciais para a sociedade e para a raça. A caridade não faz senão prolongar a miséria dos
inaptos" (1922).
"Nenhuma mulher e nenhum homem terá direito de ser mãe ou pai sem uma licença
de procriação " (1934).
A política racista
Na Revista Controle da Natalidade (10), Sanger escreveu em maio de 1919 : "Mais nascimentos entre as pessoas aptas e menos entre as não
aptas, esse é oprincipal objetivo do controle da natalidade". A capa do número de novembro
de 1921 dizia: "Controle da natalidade, para criar uma raça de puros-sangues !".
Os vínculos entre o movimiento eugenista e o movimento de controle da natalidade são numerosos
e visíveis até 1942. Margaret Sanger o explica assim:
"O controle da natalidade, que foi criticado como negativo e destrutivo, é na verdade
o mais importante e autêntico dos métodos eugenésicos, e sua integração ao programa de
Eugenia outorga de maneira imediata um poder concreto e realista a essa ciência. De fato, o controle da natalidade
já foi aceito pelos eugenistas mais lúcidos e sagazes, como a medida mais necessária e construtiva
para a saúde racial"(11).
"Antes de que possam atingir seu objetivo, os eugenistas e todos aqueles que trabalham na melhoria
da raça, devem em primeiro lugar facilitar o controle da natalidade. Igual que os promotores do controle da natalidade,
os eugenistas, por exemplo, procuram assistir à raça mediante a eliminação dos inaptos. Ambos
buscam o mesmo objetivo, mas insistem em métodos diferentes"(12).
O apoio aos nazistas
A Revista Controle da Natalidade estava cheia de escritos elitistas produzidos pelos eugenistas
mais célebres e respeitados (cientistas, médicos, psicólogos).
Um deles, o Dr. Lothrop Stoddart, diplomado em Harvard, diretor da Liga americana pró-controle
da natalidade, escreveu em 1940 um livro (13) cujo capítulo titulado "No tribunal eugenésico" expressava admiração pela
forma em que os alemães purificavam sua raça mediante a esterilização dos inaptos :
"A lei de esterilização extirpa os traços genéticos mais negativos da raça germânica,
de uma maneira científica e realmente humanitária".
No editorial da Revista Controle da natalidade de abril 1932, encontra-se um "Plano
para a paz" que recomenda, entre outras, as seguintes medidas:
"Aplicar uma política firme e séria de esterilização e de segregação
àquele segmento da sociedade ...cuja herança é suscetível de transmitir traços controvertidos
à sua descendência.
Preparar terrenos agrícolas e prédios para essas pessoas segregadas, onde aprenderiam
a trabalhar, sob a supervisão de instrutores idôneos, durante o resto de suas vidas".
É o projeto do campo de concentração! Existe alguma diferença com este outro
texto da mesma época: "Aqueles que têm má saúde física e mental não devem
perpetuar seus sofrimentos nos corpos de seus filhos. O Estado deve colocar a raça no centro de toda a vida" ?
Apenas o autor é diferente: este é Adolfo Hitler em Mein Kampf. Foi o regime nazista, aliás,
quem legalizou e alentou a contracepção e o aborto entre os judeus e os eslavos, considerados como raças
inferiores.
Não é, por tanto, surpreendente, que tenha se estabelecido uma conivência entre o
movimento do "controle da natalidade" e os nazistas. A conexão aparece mais claramente ainda em certos
artigos da Revista Controle da Natalidade: em 1933, "A esterilização eugenésica:
uma necessidade urgente" de Ernst Rüdin, diretor de esterilização genética sob o regime
de Hitler, e mais tarde fundador da Sociedade Nacional-Socialista pela higiene racial. Também
em 1933, "A esterilização seletiva" de Léon Whitney, que elogia e defende a política
racial do Terceiro Reich.
O número de novembro de 1939 da Revista inclui um estudo comparativo das políticas
de controle da natalidade da Itália e da Alemanha, (14) e aprova o programa alemão, porque
foi "realizado de maneira mais cuidadosa. Reconhece tanto a necessidade de qualidade, como de quantidade".
Harry Laughlin, um dos militantes mais ativos da Liga americana pró-controle da natalidade,
é autor de uma lei-marco de esterilização eugenésica que foi diretamente adotada por Hitler,
e valeu a Laughlin o título de Doutor Honoris Causa da Faculdade de Medicina da Universidade de Heidelberg, na época,
centro do racismo "científico".
Houve outras relações deste tipo, e continua havendo, com movimentos racistas pela supremacia
branca.
Uma estratégia pode ocultar outra
Atualmente, este racismo continua atuando no planejamento familiar, mas de maneira oculta :
Ato Iº : o "Projeto Negro" de 1939 , que se preocupava porque
"A massa dos negros, particularmente no Sul, continua se reproduzindo em forma catastrófica sem freio algum,
com o resultado de que este crescimento entre os negros vem da fração menos inteligente e apta, ainda
maior que entre os brancos". A proposta que se fazia (15) era a de contratar três ou quatro pastores negros, com boa experiência no trabalho social e com facilidade
para a comunicação, para que percorressem o Sul pregando o controle da natalidade (16). A motivação racista ficaria assim oculta
por trás de uma motivação religiosa.
Ato IIº: os negros representam
hoje 11% da população dos Estados Unidos, e 32 a 43% dos abortos (17). É uma "coincidência" ?
As intenções, às vezes, se tornam transparentes: "Cada país decidirá
sua própria forma de coerção, e determinará quando e como deverá será utilizada.
Atualmente, os meios são a esterilização e o aborto obrigatórios. Talvez um dia seja possível
impor o controle da natalidade." (18). Infelizmente, essas intenções às
vezes transformam-se em atos. Exemplo: o aborto forçado na China socialista (19).
O gênio do marketing
Seguindo os conselhos de um consultor em relações públicas, o movimento se resignou
a abandonar o termo "controle da natalidade". A Liga americana pró-controle da natalidade,
chamada a partir de 1939, Federação americana pelo controle da natalidade (20), se transformou na Federação
americana para o planejamento familiar (21), porque a opinião norte-americana começava a comover-se com os campos de concentração
e o anti-semitismo, de maneira que abandonou suas diatribes eugenistas, racistas, anti-semitas e revolucionárias,
substituindo-as por um novo projeto:
invenção do mito da "superpopulação" (23).
Rapidamente, esta estratégia lhe valeu, de igual forma que ao planejamento familiar, a admiração
e o respeito de quase todo o país, e especialmente de todas as pessoas envolvidas nos serviços sociais.
Não surpreende, então, que nos anos 50 as Igrejas Metodistas (24) promovessem o uso do dispositivo intra-uterino,
instrumento abortivo, sendo que antes de 1930 todas as Igrejas se opunham à contracepção (25).
O domínio do planejamento se estende rapidamente. Trata-se de explorar os vícios de uma
humanidade em decadência: ávida de facilismo, receosa das responsabilidades.
A subversão
Desde o início, Margaret Sanger se lançou às relações sexuais
ilícitas (26), que ela
considerou conformes à nova moral que ela queria instaurar. Ainda hoje, o planejamento estimula a promiscuidade sexual
e a homossexualidade. Para fazê-lo, dispõe de várias ferramentas:
O método mais usado para disfarçar a sórdida realidade é usar termos reconhecidos
como "positivos" e inclusive valores cristãos, associados a uma linguagem degradante. Exemplos :
Coletar o dinheiro público
Margaret Sanger sempre soube tomar o dinheiro onde ele se encontrava. Seu primeiro marido foi um burguês
abastado, seu segundo marido um industrial rico (Noah Slee, dono da fábrica de óleo "Três-em-Um",
ver foto de capa), que foi o principal doador para as campanhas de sua mulher.
Ela conseguiu inclusive subverter entidades previamente cristãs, como as Fundações
Mellon, Rockefeller, Ford... cujo dinheiro serviu para branquear sua reputação de racista e para abrir portas
em Washington a fim de liberalizar a contracepção e pôr em funcionamento bombas de sucção
dos dinheiros públicos : cada dólar privado que se recebe, multiplica-se financiando lobistas e arrecadadores
de fundos.